Robson Zambrano, 20 anos de comprometimento, profissionalismo e dedicação na arbitragem

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Árbitro de futsal, personagem diferenciado na modalidade, exige além da competência, seriedade e entender as regras de futsal uma série de requisitos, como paciência, compreensão, agilidade, pensamento rápido. Basta um erro para ser xingado, ameaçado e sofrer com duras críticas. Hoje no Resenha CM, no quadro Fera do Esporte Mourãoense  vamos falar sobre o mourãoense Robson Zambrano que há 20 anos iniciou na arbitragem e com seriedade e competência tem se destacado na equipe de arbitragem na Federação Paranaense  e Confederação Brasileira.

Robson iniciou o curso na Federação Paraná em 2001. Robson falou sobre o apoio importantes de amigos para o início na arbitragem “       Fiz o curso por iniciativa própria, sem qualquer incentivo. Após a homologação do resultado e a primeira inscrição em 2002, meus primeiros incentivadores foram Emerson Davi Michels e Nélson de Souza, então amigos de futebol no Country Club e que já atuavam junto à FPFS. Durante toda minha caminhada dentro da arbitragem sempre tive bons exemplos e espelhos, dentre eles Luiz Carlos Santana, Eduardo Vicente da Silva, Miriam Pereira, Adílson Domingos dos Santos e Maria Sevulski dos Santos, só para citar alguns de Campo Mourão. Além destes tive muitos outros de diversos lugares do Paraná e Brasil. Cada escala e cada pessoa que tive oportunidade de trabalhar me ensinaram algo, mesmo que inconscientemente. É um aprendizado contínuo” 

A princípio o curso foi para cumprir as horas extracurriculares da Faculdade e que se tornou uma paixão. “ A escolha aconteceu por acaso, fiz o curso “apenas” para cumprir a carga horária necessária de atividades extracurriculares do meu curso de graduação. No final de 2001 as universidades iniciaram uma greve que duraria seis meses. Nesse meio tempo, como estava desempregado e também com as aulas paralisadas resolvi efetuar minha inscrição no ano de 2002. Tornou-se uma paixão desde então”.

Uma equipe de arbitragem de futsal é formada de acordo com a fase da competição em disputa ou de acordo com o regulamento, podendo ter entre 4 e 7 integrantes. A formação mínima é composta por 2 árbitros, 1 anotador e 1 cronometrista. As demais funções que podem ser eventualmente preenchidas são: 3º e 4º árbitros e representante.

Uma das funções que Robson exerce na paranaense chave ouro e também na Liga Nacional de Futsal é o de cronometrista. Ele fala a função nos jogos. Todas as funções dentro de uma equipe de arbitragem são importantes e devem ser cumpridas com responsabilidade e eficiência para que o resultado final do trabalho seja satisfatório. A função de cronometrista exige concentração e reflexo, pois suas ações estão expostas no placar eletrônico, visível para todos que estão presentes no ginásio e também na tela das transmissões de televisão. Qualquer falha normalmente é acompanhada de muitos gritos por parte da comissão técnica e jogadores dos bancos de reservas, além dos torcedores. Portanto é necessário muita atenção durante o exercício dessa função”.

Durante a resenha Robson fala sobre os procedimentos para entrar na arbitragem e os requisitos para ser um bom árbitro. “ Para atuar junto à uma entidade oficial é necessário realizar um curso de formação e depois testes físicos e teóricos anuais. Além dos requisitos básicos para qualquer atividade, tais como honestidade, humildade, ética e tantos outros, na arbitragem é necessária muita resiliência, perseverança e determinação”.

A desvalorização do profissional e a parte financeira são as principais dificuldades da arbitragem. “ A principal é a parte financeira, pela desvalorização que ocorre ano a ano. A cobrança também tem aumentado significativamente nas últimas temporadas, tanto por parte das equipes quanto das entidades, exigindo constante evolução e aperfeiçoamento físico e teórico.  Outra dificuldade que vejo nos dias atuais é a falta de paciência de muitos oficiais para cumprir etapas. É necessário tempo e experiência para atingir a maturidade e muitos acabam desistindo cedo, por diversos motivos”

Quando as críticas ou as reclamações ultrapassam os limites de educação e respeito contra a arbitragem é uma outra grande dificuldade que os árbitros encaram ao final de uma partida. Robson cita um caso triste de uma partida complicada e frustrante. “ Jogos complicados acontecem frequentemente, mas quando ultrapassam os limites da quadra de jogo e término da partida acabam se tornando preocupantes. Infelizmente é uma situação comum nos jogos amadores e extra oficias. Nos jogos oficiais não é tão frequente, mas também acontece em algumas oportunidades. Para citar um exemplo recente e que me deixou bastante triste e revoltado, cito a semifinal da Série Bronze de 2019, entre Prudentópolis e Laranjeiras do Sul. Após o mandante perder na prorrogação e considerar a equipe de arbitragem culpada por tal desfecho, houve invasão de quadra por parte de dirigentes e torcedores, tentativas de agressão e agressões propriamente ditas por parte de dirigentes e jogadores. Após isso ainda ficamos um bom tempo presos no vestiário com apoio do policiamento e após algumas horas conseguimos sair. Quando chegamos ao carro, o mesmo havia sido danificado. As medidas cabíveis foram tomadas, mas o sentimento é de frustração”.

O primeiro clássico das penas entre as equipes do Pato e do Marreco no ano de 2017 que Robson participou na equipe da arbitragem foi marcado como inesquecível para ele. “É muito difícil escolher um jogo dentre tantos. Cada um tem uma história diferente, seja boa ou ruim, mas alguns se destacam naturalmente. No geral as estreias, as finais de competição, os jogos eliminatórios e os jogos de seleção brasileira sempre ficam gravados na memória. Para escolher um jogo apenas ficaria com o primeiro Clássico das Penas (Pato x Marreco) válido pela Liga Nacional, em 2017, pela atmosfera da partida. Chegamos ao ginásio com uma hora de antecedência e as arquibancadas já estavam completamente lotadas com torcidas de ambas equipes cantando e agitando bandeiras e cartazes. Para completar, o jogo foi emocionante e disputado, terminando em 5×5, um verdadeiro espetáculo dentro e fora de quadra, do início ao fim”.

Robson faz uma análise da arbitragem do futsal paranaense e nacional. “Considero a arbitragem do futsal nacional a melhor do mundo, visto que aqui temos os melhores jogadores e as melhores equipes, o que proporciona a oportunidade de desenvolvimento devido ao grande número de jogos disponíveis. Dentro do quadro nacional, a arbitragem paranaense se destaca em qualidade e inovação, sempre buscando implementar novas estratégias e novas padronizações, muitas vezes antes mesmo da entidade máxima. Claro que, assim como qualquer outra profissão ou função, temos aqueles que ficam abaixo do padrão esperado, seja por incapacidade técnica ou mesmo por falta de interesse em qualificar-se. De qualquer forma, vivendo dentro desse meio, consigo visualizar os esforços que têm sido feitos para a evolução da arbitragem como um todo”

E o que é preciso melhorar na arbitragem, Zambrano também opina e mostra o que é necessário mudar. “ O principal e mais urgente que precisa feito é a profissionalização da função. É necessário que o árbitro possa viver da arbitragem, ter seu registro profissional, preparar-se para exercer sua função como sua atividade principal. Os oficiais de arbitragem de futsal, em sua maioria esmagadora, exercem outras funções laborais principais e se preparam fisicamente e intelectualmente nos horários que seriam para o descanso de sua atividade principal. Além dessa, muitas outras são necessárias, tais como mudança de mentalidade por parte de jogadores, comissões técnicas e imprensa a respeito da responsabilidade que cada um tem sobre o resultado final de uma partida. Também é urgente que o esporte se torne olímpico, para que possa receber maiores incentivos financeiros e fiscais. Enfim, embora seja uma modalidade espetacular e apaixonante, o futsal carece de melhorias em todas as suas áreas, inclusive a arbitragem.

São mais de 570 partidas  oficiais da FPFS, CBFS e LNF. “Além dessas, somam-se as incontáveis escalas em nível municipal e regional, através da Associação Mourãoense de Arbitragem – AMAR e Liga Regional de Futsal de Campo Mourão”. Com certeza 20 anos dedicados a arbitragem trazem inúmeros momentos marcantes, felizes, tristes, vitórias, derrotas, aprendizados, amizades de jogo e também de vida. Apesar do início ter sido ao acaso, hoje não consigo visualizar minha vida sem a arbitragem pelos próximos anos. E assim como a arbitragem e as pessoas que passaram na minha trajetória me ajudaram a chegar onde cheguei, tenho me dedicado a incentivar os mais novos na função, mostrando os caminhos que devem seguir, motivando-os a estudarem e se prepararem fisicamente. Além disso, em 2019 recebi o convite para ingressar na Escola de Arbitragem de Futsal da FPFS e desde então tenho tido a grata oportunidade de lecionar para os novos oficiais em diversos cursos de formação e também para os oficiais já atuantes, em capacitações e reciclagens. Tenho consciência que a arbitragem é um ciclo e espero finalizá-lo futuramente com a certeza do dever cumprido e muitas amizades conquistadas.

Finalizando a resenha fala do que representa a arbitragem e os principais ensinamentos. “Hoje a arbitragem representa um hobby. É a oportunidade de viajar e encontrar amigos de diversas partes do Paraná e Brasil, fazer novas amizades, conhecer cidades e lugares, participar de competições de diversos níveis técnicos e organizacionais. Como se não bastasse tudo isso, também é a oportunidade de viver a modalidade que mais gosto, que é o futsal. Muitos ensinamentos, tanto profissional quanto pessoalmente. Companheirismo, comprometimento, persistência, paciência e concentração são apenas alguns deles”.

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