Robson Cardoso, Tricampeão sul-americano de atletismo e referência de superação no esporte

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Uma das maiores promessas e melhores atletas do atletismo de Campo Mourão participa da nossa resenha do quadro Fera do Esporte Mourãoense de hoje. Nascido em Campo Mourão, Robson Cardoso conta a sua história, conquistas e que mesmo com o problema de surdez superou todas as dificuldades e tornou-se campeão da modalidade e hoje se tornou um dos grandes profissionais de Educação Física na cidade.

Ainda bebê a avó percebeu que o netinho tinha problema em ouvir. “Fiquei surdo com mais ou menos 11 meses. Meus pais não perceberam logo de cara, quem percebeu foi a minha avó. A surdez foi sequela de um Sarampo. Não tinha tomado a vacina naquela época (por isso é tão importante vacinar), os tempos eram outros e a informação da importância da vacina não era como hoje”

Uma infância tranquila e divertida foi marcada para Robson e já iniciando os primeiros contatos com o esporte. “Minha infância foi bem divertida, brincava no campo de futebol lá no Alvorada e na rua, descalço. Estudei na escola de surdos (Gurilândia), no Polo e no Alvorada. Na escola eu jogava vôlei (no Polo), com o técnico Carlão e com o Dalton”.

No ano de 1994, Robson iniciou os treinamentos com o professor Paulinho. “Fazia salto à distância, 300 e 400 metros com barreira, 400 e 800 metros rasos. Pai e mãe me levavam e minha irmã Rúbia, também atleta, porque esporte é bom pra jovem, ocupa cabeça. Gostava muito de praticar e viajar nas competições.

Robson fala da experiencia em treinar junto com a irmã Rubia. “Treinar com minha irmã foi bem bacana. A gente corria muito na rua pra condicionamento, para aeróbico. Quando fui para Prudente, a gente morou junto um tempo e treinava junto. Ela foi pra Recife depois e eu acabei ficando em Prudente”.

O trabalho dos técnicos Paulinho e Jaime Neto foram fundamentais para Robson. “Quando treinava, era junto com ouvintes. Paulinho me ensinou a observar os outros, quando eles levantavam para correr. Mesmo assim, às vezes queimava largada porque nem sempre ouvia o sinal. Fui pra Presidente Prudente em 1996 o técnico Jaime Neto, que treinava o pessoal de lá de Prudente nos chamou pra ir pra lá treinar também. Lá eu conheci ao longo dos anos de treino o Edson Luciano, Claudinei Quirino, André Domingos, Mazé, Vicente Lenilson, Robson Caetano, Jadel Gregório, Maurrem Maggi, Eronildes Araújo, Inaldo Sena., hoje atletas consagrados e conhecidos no esporte brasileiro.”

Por meio do atletismo Robson conheceu vários países. “Como atleta já fui pra França, Cuba, Austrália, Uruguai, Argentina, Colômbia e Paraguai. O mais bacana foi Austrália porque lá é lindo e bem diferente da minha cultura. O mais marcante foi o sul americano na Colômbia, que fiquei em primeiro lugar”.

Durante a resenha Robson fala sobre ídolos e referencias na modalidade. “No Brasil, eu tive como referência o Robson Caetano. Ele era ótimo, muito rápido e eu tive a oportunidade de conhecer. Uma pessoa que me inspira muito até hoje, mesmo tendo parado é o Usain Bolt. Não era a mesma prova que eu, nem o mesmo país e nem a mesma época mas a determinação dele e sequência de títulos são demais”.

Por diversas vezes Robson ficou entre os melhores no Ranking da Confederação Brasileira de Atletismo. E foram diversos os títulos nacionais e internacionais na carreira nos 300 e 400 metros com barreira. Dentre eles Terceiro Lugar Troféu Brasil Infantil em 1994, Primeiro lugar Campeonato Paulista Ponta Grossa em 1994, Primeiro Lugar Campeonato Estadual em 1994, Primeiro Lugar Jogos da Juventude Brasileiro em João Pessoa na Paraíba em 1994.  Primeiro Lugar Campeonato Brasileiro em São José do Rio Preto em 1996, Primeiro Lugar Campeão Brasileiro Juvenil em Porto Alegre em 1997, Primeiro Lugar Troféu Brasil Juvenil   em 1997 Porto Alegre e Primeiro lugar Campeonato Brasileiro Sub 23.

Nas provas de 400 metros com barreiras Robson foi tricampeão sul americano, nos anos de 1995 menores (Paraguai), 1997 juvenil (Uruguai) e 1998 juvenil (Argentina). Além disso foi quarto colocado no mundial da França em 1998, oitavo no Pan Americano em Cuba em 1998.

Em 2000, prestes a representar o Brasil nas olimpíadas de Sidnei na Australia Robson sofreu um acidente que o afastou das pistas. “Foi na pista de Prudente. Estava treinando para a Olimpíada de Sidney, que aconteceria em pouco tempo. Uma placa da pista se soltou e eu caí. Foi um tombo horrível. Rompi o ligamento lateral e o Cruzado. Operei e fiquei seis meses sem poder me movimentar direito. Outras cirurgias foram feitas, mas não adiantou. Isso acabou com a minha carreira. Minha mãe tinha falecido poucos anos antes e eu me vi sem chão. Fiz muita fisioterapia, mas não era a mesma coisa”.

Robson fala do período de recomeço. “Comecei a trabalhar no próprio grupo, com alongamentos, treinamentos, ajudava onde dava e acabei fazendo faculdade de Educação Física na Unoeste. Terminei a faculdade em 2007, daí voltei pra Campo Mourão. Trabalhei em alguns empregos fora da área até conseguir entrar em academia. Conheci minha esposa em 2012 e me casei em 2014. Tenho um filho, Francisco, de 13 meses. Espero que ele goste de esporte como eu, porque vou incentivar muito. Hoje dou treino em várias academias, me especializei em Core 360, Funcional e Boxe. Tiro do esporte meu sustento e amo trabalhar nisso”.

No ano de 2016 Robson conduziu a tocha olímpica em ruas de Campo Mourão. “tive a honra de ser um dos condutores da tocha olímpica em Campo Mourão. A lembrança de tudo o que aconteceu comigo no meu tempo de atleta bateu e foi impossível segurar a emoção”.

No final da resenha Robson fala sobre a importância do atletismo em sua vida. “ Gosto muito de atletismo até hoje. As competições eram muito boas pra conhecer lugares novos e pessoas novas. Sempre tive muita disciplina e embora não seja mais atleta, ainda estou envolvido com atividades físicas. E o atletismo do Campo Mourão é muito bom, sempre achando talentos. Paulinho é um ótimo profissional, atencioso e me ajudou muito. Um professor de alto padrão.”

Fotos Arquivo Pessoal Robson

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