Ricardo Batista, “Guerreiro na segurança da comunidade e fera do Jiu Jitsu mourãoense”

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O Convidado do nosso quadro Guerreiro das Artes Marciais também é um guerreiro na segurança dos paranaenses. Ricardo Maciel Batista dedica uma boa parte do tempo no dia a dia como Policial Rodoviário combatendo a criminalidade e defendo a população. E também é fera no Jiu Jitsu mourãoense. Ricardo conta a sua história no nosso Resenha CM.  

Seu início com as artes marciais foi por indicação médica; “Comecei no início de 2011, quando um médico me indicou atividade física por causa da obesidade (102 Kg) e hipertensão, na época eu tinha 36 anos. Comecei o boxe chinês com o Paulo Freire na Academia Life”.

E no mesmo ano o Jiu Jitsu surgiu na vida de Ricardo. “Logo após os treinos de boxe, havia o treino de Jiu Jitsu brasileiro (BJJ), alguns dias fiquei assistindo, tive curiosidade e comecei a prática também em 2011. A escolha não foi somente pela prática esportiva diferenciada, que mistura movimentos de defesa e ataque a exercícios físicos, ou a prática da defesa pessoal, que é essencial no meu trabalho, que me atraíram a aprender, praticar e ensinar o pouco que sei sobre a essa arte, mas também vislumbrei a disciplina, honra ou companheirismo envolvidos, um bom exemplo é que mantenho contato com a maioria dos adversários que encontrei nos campeonatos” .

Foram vários ensinamentos ao longo da carreira. “Sou “guardeiro” desde que comecei a treinar mesmo sem saber, aprendi a ser “guardeiro” observando o meu primeiro professor (Daniel Ramos) me acostumei a defender os ataques desta forma e fazer o contra ataque na sequencia”.

A esposa Sara é a grande incentivadora. “Desde o início me ajudou nos momentos em que me lesionei ou me recuperava de algum tratamento de saúde, treinando comigo, me ajudando administrativamente no projeto social e, principalmente, não limitou meus horários de treino, ela também pratica BJJ e me acompanha em campeonatos, mesmo sem competir”.

Helio Grace é o grande ídolo na modalidade. “Ele tinha saúde delicada e modificou as técnicas do Jiu Jitsu originado no Japão, para que se adaptassem à sua frágil constituição física, enfatizando os princípios de alavanca e a escolha do momento certo, sobre a força e a velocidade, criando o atual estilo de Jiu Jítsu”.

Ricardo também cita as maiores dificuldades. “Passo as mesmas dificuldades que qualquer atleta amador da minha idade, lesões que demoram a sarar, mas principalmente pouco tempo para treinar, pois como trabalho em escala de serviço, não consigo ter uma constância de treinos”.

Na oportunidade Ricardo fala da primeira competição e durante a competição teve a certeza que estava na modalidade certa. “Meu primeiro campeonato foi marcado pela total falta de conhecimento técnico, pura força e “ódio no coração de um faixa branca” como dizem os memes, participei em duas categorias, adulto (até 29 anos) meio pesado e máster (acima de 30 anos) meio pesado, fui até bem, contra os adultos venci duas lutas perdendo a terceira para o campeão da competição, no “Máster II” fui campeão com três combates, mas o que mais me marcou foi a luta de duas crianças, com não mais de 10 anos, quando o campeão finalizou seu adversário o arbitro separou a luta, momento em que o campeão pulava de alegria comemorando, o derrotado ficou sentado e começou a chorar, quando o campeão viu seu adversário chorando, parou a comemoração e foi consolar o competidor! Naquele momento decidi que seria este o esporte que meus filhos praticariam”.

A final da Copa Amizade em Umuarama foi escolhida por Ricardo como a grande luta. “Absoluto sem kimono, na faixa marrom, logo no começo da luta consegui colocar o adversário “na guarda fechada”, durante 4 minutos e 55 segundos a luta foi acirrada com o adversário tentando sair e eu atacando sem sucesso, quando vi no relógio que faltavam 5 segundos, arrisquei e abri a guarda buscando na luta em pé um ataque de queda, quando consegui derrubar o opoente, mesmo ele não ficando no chão consegui uma “vantagem” vencendo a luta. Ao final do combate o professor do meu adversário veio me cumprimentar dizendo que seu atleta era campeão sul-americano sem kimono, só neste momento entendi a dimensão daquela vitória” .

Um adversário mais pesado e maior em altura foi o grande adversário que Ricardo citou durante a resenha. “Também no absoluto, enfrentei um adversário muito maior e mais pesado, eu tinha 82Kg, ele tinha uns 120Kg, ambos na faixa azul, consegui puxa-lo para minha “guarda fechada” e fiz um ataque buscando um “triangulo”, mas antes de estabilizar a posição, o adversário “passou a guarda” ficando em cima de mim, ele evoluiu para o “norte sul” momento em que estabilizou a posição com seu peso e me segurou até o fim da luta, vencendo o campeonato. Ao retornar para Campo Mourão meu professor, na época Daniel Ramos da Gracie Barra, me ajudou a estudar maneiras de sair de situações parecidas”.

E os principais títulos? Ricardo cita as principais conquistas. “Sempre lutei na categoria meio pesado/máster, tenho medalhas como campeão Paranaense nas faixas branca, azul e roxa, em várias etapas, de 2012 a 2017, em 2018, comecei a participar somente de campeonatos regionais em Umuarama, Sarandi e Ubiratã, para poder acompanhar os alunos do projeto social semeando campeões (PSC), haja visto coincidirem com as datas dos campeonatos paranaenses”.

Como é a preparação de um atleta de Jiu Jitsu antes de uma competição? Ricardo fala sobre a rotina de treinamentos. “Como sou atleta amador e tenho outra profissão que não a de lutador, minha preparação não é tão puxada quanto a dos profissionais, começo a preparação física três semanas antes da competição, todos o dias de folga treino técnico e físico com uma folga semanal, não costumo perder peso para as lutas, mas mantenho uma dieta moderada de maneira regular, pois tenho hipertensão e pré diabetes, então sou obrigado a me alimentar de forma saudável. A rotina de treino para campeonato consiste em aquecimento, treino técnico de queda, treino técnico de chão, combate técnico iniciando em posições específicas, combate e alongamento no final, cada treino dura em torno de 1h30min, quando possível dois treinos por dia e muita hidratação durante o treino.

Também pratico musculação de forma regular, durante a preparação para um campeonato troco este treino por um de BJJ. Durante os treinos regulares pratico as mesmas posições que utilizo em campeonato, a vantagem é que seu parceiro de treino já sabe o que você fará, tentando impedir seu ataque, em contra partida seu ataque fica mais afinado, durante uma luta de campeonato seu adversário não está acostumado com a técnica que foi apurada durante os treinos regulares.

E poucos instantes antes de entrar no Tatame, Ricardo fala o que costuma fazer. “Tento relaxar, faço um aquecimento moderado e repasso mentalmente a estratégia a ser utilizada, geralmente consigo coloca-la em prática”.

Ricardo fala do Jiu Jitsu em Campo Mourão “Estamos com três equipes de BJJ em CM, sou aluno na Guedes Jiu Jitsu do professor João Guedes, atualmente estamos treinando no Dojo Uchoa. Além das equipes, temos dois projetos sociais, o Projeto Semeando Campeões (PSC) onde eu e o Dionata Silva somos instrutores e o projeto Caminho Melhor que atualmente está desativado devido a pandemia. O nível técnico de CM é muito bom, toda vez que as equipes vão para campeonatos sempre trazemos muitas medalhas. Campo Mourão nunca foi sede de campeonato adulto de BJJ, mas em 2019 o PSC organizou um campeonato municipal infanto-juvenil onde participaram mais de 100 competidores de Campo Mourão e Iretama”.

O nosso Guerreiro das Artes Marciais também elogia a modalidade no país. “O Brasil é polo exportador de atletas e professores de BJJ, no geral o nosso nível técnico é muito alto, mas nos falta organização e união para tornar o esporte mais sério, olímpico, temos mais de uma federação, muitas competições com regras diferentes, temos professores com nível técnico inigualável, mas sem formação acadêmica. Este ano o BJJ está previsto nos Jogos abertos do Paraná, mas devido a falta de formação acadêmica e registro no CREF os melhores professores/treinadores não poderão acompanhar os atletas.”

Ricardo fala da importância do Jiu Jitsu na sua vida. “Comecei a praticar o BJJ no período mais atribulado da minha vida, estava obeso, hipertenso, em tratamento psicológico e passando por dificuldades profissionais e financeiras, não encontrei no esporte uma maneira de esquecer os problemas, mas sim uma maneira de encarar estas dificuldades, durante os combates aprendi da forma mais difícil a esperar o momento certo para agir, não defender ou atacar de qualquer maneira, para tudo existe uma técnica de defesa, ataque ou contra ataque, nem que seja “dar três tapinhas” e começar o combate novamente, quando passadas as dificuldades, entendi que o BJJ poderia me ajudar na vida, então decidi que poderia apresentar este esporte a outras pessoas e deixar que sejam ajudadas também. O Jiu Jitsu pra mim representa resiliência, DEUS nos fez perfeitos, nos perdemos no meio do caminho, o BJJ pode ajudar a voltarmos a nossa forma natural.

Em 2019 Ricardo e o instrutor Dionata iniciaram projeto de Jiu Jitsu com crianças, chamado Semeando Campeões. “Sempre ouvi falar de projetos sociais em diversos locais, e sempre quis montar um, mas como trabalho em regime de escala não posso assumir um compromisso de ministrar aulas regulares, em 2018 fiquei sabendo de um projeto em andamento na IV Igreja Presbiteriana Renovada e me voluntariei para ajudar. Juntamente com o Professor André Cardeal e o Instrutor Dionata Silva, ministrava as aulas de BJJ neste projeto, em fevereiro de 2019 o Dionata me procurou com a proposta de montarmos um projeto no Lar Paraná, firmamos parceria com a diretoria da escola Monteiro Lobato (EMMoL) e em 18 de março de 2019 o Projeto Semeando Campeões foi instalado no EMMoL.” Devido a pandemia perdemos o apoio do EMMoL, hoje as aulas são ministradas nas dependências da I Igreja Batista de Campo Mourão, onde antes do início das aulas temos um devocional ministrados, geralmente, pelo Pastor Gustavo Daher Machado.

Ricardo cita o objetivo do Projeto “É sem finalidade lucrativa, visa apresentar a arte suave a toda a comunidade e principalmente semear as palavras da bíblia sagrada, direcionando os atletas a uma vida plena e saudável física e espiritualmente. Atualmente temos 20 crianças e 10 adultos (pais) nas aulas de BJJ, temos 06 alunas de defesa pessoal, uma lista de crianças aguardando retorno que, devido a pandemia, estão afastadas por apresentar comorbidades ou decisão dos pais, são alunos com vagas garantidas, temos também uma lista de espera de novos alunos sedentos para aprender. Não estamos aceitando novos alunos, pois, além das medidas de segurança, temos compromisso com um padrão de ensino e cuidado para com os alunos e como somos voluntários, sem remuneração, não conseguimos outros instrutores para nos auxiliar. O Professor João Guedes tem visitado o PSC de forma regular, nos dando apoio técnico e didático, contamos também com apoio de outros atletas da GB e Guedes Jiu Jitsu durante as aulas, que puder e quiser ajudar será bem vindo, pode entrar em contato comigo ou com o Dionata nas nossas redes sociais.

Fotos: Arquivo Pessoal Ricardo

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