Patrick Simonetto de Andrade, “Karatê me tornou forte para vencer os desafios da vida”.

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Ararunense, mas praticamente um mourãoense de carteirinha já que chegou em Campo Mourão com apenas três anos de idade. O nosso Guerreiro das Artes Marciais Patrick Simonetto de Andrade conta hoje no Resenha CM sobre sua história no Karatê. Conquistas, desafios e sonhos, que você começa acompanha agora no nosso site.

Patrick e Sebastião Galdino

                Patrick iniciou nas artes marciais com o objetivo de resolver umas “pendencias “ com algumas crianças que o importunavam. Meu início nas artes marciais foi no Judô quando eu tinha cinco anos de idade. Na época meu Pai decidiu isto pois haviam alguns garotos que brigavam comigo na pré-escola (Gurilândia). Mas no Judô fiquei apenas um ano, pois logo depois iniciei minha trajetória no Karatê. Ah, e quanto aos garotos, realmente aprendi a me defender e esse problema foi resolvido (risos).

                O pai, Sr. João Maria de Andrade foi a grande inspiração. “ Meu Pai foi meu maior incentivador. Em vida ele me acompanhou em todos campeonatos, cursos e exames de faixa. Em uma de nossas conversas, ele me disse que me ver se tornar um faixa preta seria um motivo de muito orgulho. Consegui realizar isso, minha graduação de faixa preta foi em 2004. Eu espero que lá de cima ele tenha ficado muito feliz e orgulhoso com essa conquista”.

                Quando tinha 10 anos, Patrick perdeu o grande incentivador e amigo, Sr. João faleceu vítima de um câncer. “ De forma repentina e nesta fase a vida apertou, pois, minha mãe ficou viúva muito jovem com 2 crianças pequenas para cuidar (minha irmã Desiree tinha 05 anos na época). No entanto com muita garra e luta aos poucos fomos vencendo os obstáculos com apoio de familiares e a nossa vida aos poucos foi voltando “aos eixos”. Neste período o Karatê foi objeto fundamental em minha vida”.

                E o garoto de Araruna deu a volta por cima, por meio do Karatê com Sebastião Galdino, o Tiao Fala Frossa “Minha Paixão ao Karatê foi de imediato, comecei no antigo Clube Mourãoense em 1992 com o Sensei Sebastião Galdino, o famoso “Tião Fala Grossa”. Nunca me esqueço da primeira aula, parecia que aquilo era natural para mim. No final do treino, meu Pai me levou ao Sensei Tião para efetuar minha matrícula e o mesmo disse as seguintes palavras com um ar de entusiasmo: “Esse menino  tem muito futuro!”. E realmente o Sensei estava certo. Começava ali algo que foi mágico em minha vida”

                O autocontrole é uma das grandes dificuldades citadas por Patrick no início das artes marciais. “Ao contrário que a maioria pensa, um atleta de arte marcial é doutrinado a evitar qualquer tipo de briga. Quanto mais o atleta evolui, maior sua capacidade de luta e logo maior sua força quanto as demais pessoas não praticantes de arte marcial. Por isso uma das dificuldades é praticar o autocontrole, não se sobressair as pessoas e ter a ciência que uma arte marcial é para ser praticada como autodefesa e não algo destrutivo, o objetivo é evitar a luta sempre que possível. Além disso, uma arte marcial requer muita disciplina, repetição, dedicação, esforço contínuo, alto nível de concentração e isso requer abrir mão de algumas coisas de pessoa com uma rotina normal.

                Dois grandes esportistas são as inspirações de Patrick para a vida e também para a modalidade. ” Ayrton Senna, mito, único, exemplo de garra, dedicação e a busca pela perfeição. No Karatê Tradicional, o Shihan Luiz Tasuke Watanabe (falecido neste ano). Foi campeão mundial em 1972, membro da Comissão Técnica da ITKF e por muitos anos técnico da seleção brasileira. Uma figura ímpar, de ensinamentos únicos, é referência no Karatê Internacional”.

Exame de Faixa Preta com o Shihan Watanabe (falecido neste ano), mestre do Karatê tradicional.

                E o grande ídolo no Karatê? Patrick um dos grandes nomes da modalidade. “No Karatê Tradicional meu grande ídolo é o Sensei Ricardo Luiz Buzzi, de Curitiba- Pr. Multi Campeão conquistou todos os títulos possíveis (Mundial, Pan-americano, Brasileiro, Paranaense e etc) e atualmente é técnico da Seleção Paranaense.  O Sensei Buzzi para mim representa o verdadeiro Samurai, tive o prazer de treinar com ele na seleção, competir junto e depois ser treinado pelo mesmo”.

Sensei Ricardo Buzzi, em treino da Seleção Paranaense 2020.

                Em 1993, na faixa amarela conquistou a primeira vitória. “Foi em meu primeiro campeonato regional realizado em Campina da Lagoa-PR. Fui campeão na categoria kata (luta imaginária).

                Após a primeira conquista em 1993, Patrick iniciou uma série de vitórias e títulos que marcaram a sua carreira. “Praticamente todas foram na categoria 18 a 21 anos, sendo:  5º lugar no Sulamericano em 2005 e Vice-Campeão Brasileiro em 2007 na categoria Fuku-Go (Disputa que alterna luta e kata em cada rodada de disputa) ambos realizados em Goiânia – GO. Conquistei dois 3º lugares no Brasileirão 2005 nas categorias Fuku-Go e En-Bu (Teatro Marcial feito em Dupla) na cidade de Matinhos-PR. Em 2006 me consagrei Campeão Paranaense nas categorias Kata (Luta imaginária) e Kumitê (Luta), este foi a minha melhor competição em toda a minha trajetória, com uma performance impecável, vencendo 02 lutas por Ippon (golpe perfeito) e na semifinal com uma virada incrível faltando 15 segundos sobre um companheiro de seleção, que aliás era muito bom atleta.

                Todo atleta de rendimento, que tem grande destaque é necessário ter uma boa preparação. Patrick cita os preparativos para uma competição. “Muito treino, concentração e foco. É preciso elevar ao máximo seu espírito de luta para que no dia você seja o seu melhor possível. No mínimo 3 dias por semana, de uma a duas horas por treino. Quando estávamos na seleção paranaense isso se intensificava e ficamos quase duas semanas concentrados treinando praticamente todos os dias para os Campeonatos Brasileiros”.

                E poucos minutos antes da luta? O que Patrick costuma fazer para encarar o adversário. Ele conta para os amigos do Resenha. “Escuto muita música com batida alta, elevo meu nível de concentração e tento projetar em minha mente o que meus adversários irão executar na luta, montando minha estratégia. Como um ritual, na entrada do tatame salto na beirada o que gera um grande barulho. É quando viro a chave e me sinto pronto para a disputa e que para alguns gera uma desconcentração no adversário”.

                O nosso guerreiro das artes marciais tem como representar o Brasil no Mundial. “É deixar um legado, algo que as pessoas irão se lembrar e inspirar nisto. No tocante ao Karatê, ainda tenho o sonho de disputar um Campeonato Mundial pela Seleção Brasileira, por mais que eu já não esteja tão ativo na modalidade, este ainda é o meu maior sonho”.

                Por um período Patrick foi professor em um projeto social de Karatê em Campo Mourão. Ele fala da experiência. “Por alguns anos tive a oportunidade de ensinar crianças nos projetos sociais da cidade. É diferente, você precisa entender que cada criança tem sua personalidade, aptidão e limites físicos. Muito poucos se tornam atletas de alta performance, por isso minha missão sempre foi contribuir na formação do caráter e passar valores para a sua vida, tentando extrair o máximo que cada criança poderia aprender e desenvolver. Ensinar exige liderar, influenciar, compreender e não desistir de seus alunos por mais que eles desistam de você. Quando se ensina algo, você se torna exemplo e referência para seus alunos, por isso suas atitudes e conduta devem ser impecáveis.

PAtrick, Sensei Tião e Geovani (dupla do Enbu)

                Patrick fala sobre o Karatê no Brasil e faz uma análise sobre se tornar modalidade olímpica “Infelizmente o Karatê possui vários estilos e Federações e isso não causa uma união tão grande comparado ao Judô por exemplo. Mas o Karatê teve um crescimento muito grande principalmente com as vitórias de Lyoto Machida no UFC representando o estilo carateca e a própria inclusão da modalidade nas Olímpiadas. E o Karatê nas olimpíadas é fantástico, fundamental para os atletas que lutam muito por patrocinadores para suas competições. Espero que seja a primeira de muitas que a modalidade esteva inclusa nos jogos olímpicos”.

                Após um período afastado Patrick voltou a modalidade. “Fiquei muito tempo parado e retornei a competir em 2019, em 2020 veio a pandemia e competições foram interrompidas. Neste meio tempo me mudei para o estado de SP e ainda não encontrei uma academia para retornar aos treinos. Espero que em breve esteja de volta as competições”.

                E a importância das artes marciais? Patrick responde que é uma filosofia de vida. “É uma filosofia de vida, uma doutrina. O Karatê me ensinou valores que me influenciaram em todas as esferas da minha vida pessoal e profissional. Desenvolvemos o espírito Samurai. Um Samurai não faz nada pela metade, quando um Samurai decide o que vai fazer ele vai lá e faz bem feito, não existe meio termo para um Samurai”

Filho João Arthur e Esposa Bruna

                E fechando nossa resenha ele demonstra o que representa o Karatê em sua vida. “O Karatê faz parte da minha vida, não me vejo onde estou hoje sem tudo o que aprendi no Karatê. A sua importância como a de qualquer outra arte marcial é a formação do nosso caráter, daquilo que é certo nos tornando fortes para enfrentar nossos desafios. O próprio lemas do Karatê (Dojo-Kun) nos moldam para a vida pessoal, sendo eles: Esforço para formação do caráter saudável;  Fidelidade para com verdadeiro caminho da razão; Desenvolver a persistência e o esforço; Respeito acima de tudo; Conter o espírito de Agressão Destrutiva.

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