Carol Carvalho, Muralha do futsal feminino mourãoense

Resenha com as minas do Resenha CM de hoje é com uma muralha do futsal feminino de Campo Mourão , natural de Guaíra, a goleira Carol Carvalho conta a sua história debaixo das traves e a paixão pelo futebol. Uma entrevista especial com a atleta que conquistou títulos e representou a cidade de Campo Mourão em diversas competições.

             Em 2005 Carol chegou na cidade de Campo Mourão onde passou boa parte da adolescência. Matriculada no Colégio Estadual Unidade Polo iniciou no esporte com o professor Ismar Kath. “Iniciei minha vida no esporte em 2006, no time de futebol da escola, no Colégio Estadual Unidade Polo. Eu sempre brincava de bola desde pequena, mas iniciar um compromisso com a escola com o time foi um dos meus sonhos se realizando”.

            Novidade para a recém chegada na cidade, a atleta ficou encantada com o futsal. “Eu era muito nova na época em que comecei, tinha quase 10 anos apenas, era nova na escola, não conhecia quase ninguém e ficava admirada vendo as outras meninas mais experientes e mais velhas que eu jogando no time. Era tudo novo pois em Guaíra não tinha times femininos e muito apoio e incentivos da escola onde eu estudava”

            Antes de destacar no gol, Carol se arriscou jogar no ataque e após uma partida que teve que substituir a goleira da equipe, iniciou a sua carreira debaixo das traves. “Depois de me enturmar com as meninas e pegar mais experiência, eu fui criando em mim uma autoconfiança e junto veio mais sonhos. Eu comecei jogando no ataque, mas como eu era a “doidinha” que adorava brincar de goleira antes do treino, acabei virando realmente a goleira do time quando a goleira do nosso time se machucou em um jogo. Depois disso nunca mais saí do gol, e essa foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”.

            No ano de 2009 Carol participou de uma peneira entre meninas que jogavam futsal. “Fui convidada pelo técnico Ferruge do futsal feminino da cidade, para participar de um peneirão. Eu não tinha tênis de futsal então acabei jogando sem mesmo. Eu fiquei muito intimidada com as outras meninas que já estavam no time. Eu sempre ouvia falar delas, mas nunca as tinha visto. Tentei conseguir uma vaguinha jogando na linha, mas não rolou, meu lugar era no gol mesmo (risos). Depois de ter entrado para o time, eu prometi a mim mesma que ia fazer de tudo pra ser a melhor, pelo meu time e pela minha cidade”.

            Carol sempre teve a inspiração do tio para atuar no gol. “Desde os meus quatro anos de idade eu sempre ia ver o meu tio jogar. Ele era goleiro e eu ficava impressionada com os saltos e defesas. Depois de todos os jogos eu ia escondida e colocava as luvas dele e fingia que estava fazendo as mesmas defesas. Acho que foi daí que veio minha inspiração pra ser goleira, por mais que eu também adorasse jogar na linha, fazer gols, driblar”.

            Durante a resenha Carol fala das dificuldades, desigualdade, acessibilidade. “A maior dificuldade para o jovem tentar se profissionalizar nesse esporte (ou qualquer outro) é a acessibilidade, o incentivo municipal ou escolar, e até mesmo dentro da família. Por sorte eu sempre tive apoio quando comecei. Mas é triste ainda ver várias crianças e jovens não tendo o devido apoio e visibilidade, principalmente no futebol/futsal feminino. O futebol pode ser acessível em certos pontos, mas tem muito a desejar. Ainda tem muita desigualdade social e racial nesse meio. Quando comecei, a minha maior dificuldade era não ter um tênis bom, equipamentos para goleiro, etc. Minha família estava passando por muita dificuldade financeira, mas meus pais faziam de tudo para dar essas coisas pra mim. Eu sempre vou lembrar disso e serei grata eternamente”.

            E por falar em apoio, Carol sempre lembra da família e dos professores que sempre a apoiaram na carreira “Eu sempre tive incentivo da minha família, do meu professor de Educação Física Ismar Kath, que me chamou pra entrar no time da Escola, do meu técnico Ferruge e das próprias meninas do time. Nós sempre nos incentivamos nos treinos e nos jogos, éramos muito unidas e isso fortalecia mais ainda o time”

            Uma das grandes inspirações é o ídolo da torcida do futsal mourãoense goleiro Nikinha. “Eu tive várias inspirações, é impossível citar só um nome. Eu sempre tentava tirar um pouco de cada jogador(a) que eu admirava. Acho que foi isso que fez eu me tornar quem eu fui e sou. Mas um específico era o goleiro Nikinha do time masculino. Eu ficava impressionada vendo-o jogar e treinar. Tanto que eu e a outras goleiras do meu time fazíamos treino específico com ele os outros goleiros do time masculino. Isso ajudou muito no meu crescimento e conhecimento dentro de quadra”.

            Carol fala de seus sonhos, ídolos e o melhor treinador que já teve. “Meu maior sonho era conquistar todos os campeonatos e um dia ser convocada para a seleção brasileira. Meu maior ídolo no futebol que eu pude acompanhar e amava acompanhar era o Ronaldinho Gaúcho. Eu ficava horas vendo vídeos dos melhores lances. E no futsal é o Falcão, nenhuma novidade (risos). O melhor treinador que já tive foi o Ferruge. Até hoje não consigo explicar pra ninguém o quão bom ele era e ainda é”.

            Uma carreira intensa defendo as cores da cidade de Campo Mourão em diversos jogos. E em 2011 defendeu Seleção Paranaense Sub 17 no 1º Campeonato Brasileiro Correios de Seleções sub-17 Feminino – Divisão Especial Dentre os títulos a carreira estão Olimpíadas Escolares em 2010, JOJUP’S 2009, 2010, Taça Brasil sub-20.

            Dentre diversas defesas difíceis, Carol lembra de uma inesquecível “Na verdade são duas foi da disputa de pênaltis contra o Acre na Taça Brasil Sub- 17, valendo uma vaga na final. Esse foi um jogo inesquecível. O time do Acre era muito forte, as meninas adversárias jogavam muito bem. O placar ficou 3 a 3 no tempo normal. Fomos pra prorrogação, mas ninguém desempatou. Ganhamos nos pênaltis, onde peguei 2 deles”.

            A atleta fala das alegrias e decepções na carreira. “Minha maior alegria foi sem dúvidas a convocação para a Seleção Paranaense. Fui uma experiência maravilhosa. Tive outra alegria, mas dessa vez foi no futebol com o time da escola quando fomos jogar os Jogos Sul-americanos no Chile em 2007. Infelizmente não voltamos com o título, mas foi um grande aprendizado pra todas nós. Minha maior decepção foi saber que o nosso técnico ia sair do time. Faltava apoio, muita coisa tinha mudado e o time acabou se desfazendo e eu acabei voltando pra Guaíra”.

            Influenciada pela mãe e as tias Carol torce para o Flamengo, “Elas fizeram a minha cabeça para torcer para o rubro negro. Meu maior ídolo do flamengo sempre vai ser o Zico. Em 2019 tive o privilégio de ver o flamengo ganhando o brasileirão, a libertadores, ir pro mundial e quase levar ele”. Ela cita o time que o Flamengo não pode perder. “Acho que ninguém gosta que seu time perca pro Corinthians (risos).

            Carol fala sobre o futebol brasileiro atual. “ O futebol brasileiro sempre foi arte, sempre foi vitrine para o mundo. É legal ver crianças, jovens e adultos se inspirarem em grandes jogadores do nosso futebol brasileiro. Eu posso dizer que muita coisa mudou, talvez o dinheiro e os interesses tenham mudado o futebol, não só o brasileiro, mas no mundo todo, mas nunca deixou de ser arte. Nosso futebol ainda brilha”.

E o futebol feminino? Carol fala sobre a modalidade. “O futebol feminino no Brasil podia ser bem mais valorizado se recebem o mesmo incentivo, apoio e visibilidade que o futebol masculino. É o que todo mundo fala, pode ser uma resposta repetitiva, mas é a verdade. É o que elas vêm buscando por anos e isso nunca muda. Quando achamos que as coisas vão mudar e melhorar nunca melhoram, nunca mudam. Só são lembradas na copa, depois disso perdem a visibilidade e o apoio. Se vão mal em um campeonato são crucificadas, não têm o direito de errar como o masculino, que ainda são recebidos de braços abertos depois de uma temporada ou jogo ruim. É uma diferença discrepante de apoio e carinho entre o futebol feminino e o masculino. Espero que um dia isso tudo mude porque tem muita menina/mulher que joga muito melhor que qualquer jogador profissional”.

Carol faz uma escalação das melhores atletas que jogaram com ela

Goleira: Aline Garaluz

Fixa: Ellen Castro

Ala direita: Flaviane

Ala esquerda: Jéssica Will

Pivô: Aline Martins

Técnico: Ferruge

-E ela também escala os melhores jogadores por posição que viu jogar:

Goleiro: Casillas (Espanha)

Lateral Direito: Daniel Alves (São Paulo)

Lateral Esquerdo: Marcelo (Real Madrid)

Zagueiro Direito: Sérgio Ramos (Real Madrid)

Zagueiro Esquerdo:  Van Dijk (Liverpool)

Volante: Casemiro (Real Madrid)

Volante: Éverton Ribeiro(Flamengo)

Meia direita: Ronaldinho Gaúcho

Meia esquerda: Ozil (Fenerbahçe)

Atacante: Cristiano Ronaldo (Juventus)

Atacante: Messi (Barcelona)

Técnico:  Jorge Jesus (Benfica)

Fotos Arquivo Carol