Mulheres grávidas têm direitos assegurados no programa Geração Olímpica e Paralímpica

Da Assessoria

O Paraná é protagonista nacional na garantia de direito das mulheres atletas em relação à bolsa financeira para incentivo ao esporte. Desde o começo do ano, segundo uma mudança no regulamento do Geração Olímpica e Paralímpica, programa estadual de bolsa-atleta, atletas grávidas e mães de recém-nascidos podem usar os resultados esportivos conquistados antes da gravidez para pleitear o benefício. Ou seja, podem se candidatar à bolsa mesmo não estando em período de competição e dessa maneira garantem recursos pelos prazos estipulados no programa, que podem chegar a seis meses. No edital vigente, com 1.289 pessoas contempladas, são 599 mulheres, totalizando 46% das bolsas.

A pauta é similar à adotada pelo governo federal no início deste mês, com a sanção da Lei Federal 14.614/2023, que garante que as atletas recebam a bolsa financeira durante todo o período de gestação e mais seis meses após o nascimento do bebê. A lei vale para programas de incentivo desenvolvidos pelo governo federal. Até então, a Bolsa Atleta da União não previa exceção para grávidas e puérperas.

O secretário estadual do Esporte, Helio Wirbiski, destaca o pioneirismo do Paraná ao tratar das mudança nos programas de incentivo aos atletas. “O Paraná saiu à frente quando começou a discutir e implementar essa possibilidade de mulheres em gestação e mães de recém-nascidos participarem de um programa tão importante como é o Geração Olímpica e Paralímpica”, afirma.

Segundo o secretário, ações como essa mostram o trabalho que o Governo do Estado vem desempenhando na luta por equidade. “Isso é reflexo do trabalho pelo tratamento justo entre homens e mulheres dentro do esporte”, diz Wirbiski.

No Paraná, o tema passou a ser tratado a partir de uma visita à Secretaria do Esporte da atleta olímpica de vôlei de praia Ágatha Rippel, na época grávida da primeira filha. Uma reunião com secretário, o diretor de Esportes da pasta, Cristiano Barros, e a coordenadora do programa Geração Olímpica e Paralímpica, Denise Golfieri, iniciou a discussão que resultou na elaboração do critério que possibilitou a adesão de atletas gestantes.

“Com esta ação, o Paraná é precursor na garantia dos direitos das mulheres atletas antes, durante e após a gestação”, afirma Ágatha Rippel. “Trabalhamos para que esse tipo de mudança deixe esperança quanto aos próximos passos para garantia de direitos aos atletas”. A atleta medalhista olímpica foi contemplada no edital de 2023 do Geração Olímpica e Paralímpica na categoria internacional.

Segundo Cristiano Barros, a discussão sobre mudanças no regulamento do programa Geração Olímpica e Paralímpica mostra a preocupação em estar de acordo com os direitos das mulheres dentro do esporte. “Nesse processo de revisão e inovação, procuramos sempre estar atentos às questões atuais. Em 2023, além do maior aporte de recursos da história, o programa mudou para garantir que atletas gestantes ou em puerpério pudessem se candidatar à bolsa mesmo não estando em período de competição”, comenta.

Para a coordenadora do programa Geração Olímpica e Paralímpica, a adequação do programa contribui para incentivar que mulheres permaneçam no esporte mesmo após se tornarem mães. “É importante ressaltar que o incentivo financeiro para atletas grávidas não apenas beneficia individualmente as mulheres envolvidas, mas também promove uma cultura de apoio e igualdade no esporte”, finaliza Denise Golfieri.

ÁGATHA RIPPEL – Nascida em Curitiba, Agatha é atleta de vôlei de praia e tem diversas conquistas em sua carreira, como dois ouros em Circuitos Mundiais (um em 2018 e outro em 2015) e uma prata nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.

Recentemente Ágatha se tornou mãe da pequena Kahena (atualmente com oito meses). Durante a gestação, a atleta foi muito ativa nas discussões referentes aos direitos das mães do esporte.

Ágatha sempre teve o sonho de ser mãe, mas esperava já ter se aposentado, entre os principais desafios dessa nova fase, o principal foi adequar a rotina e conciliar a maternidade com a volta às areias depois que Kahena nasceu: “Tenho acordado de madrugada para dar o mamazinho dela, antes de sair para treinar tenho que amamentar ela e também deixar leite para depois, então tive que criar esse tipo de logística no meu dia a dia para conseguir estar ao lado da Kahena e conseguir treinar ao mesmo tempo”, conta.

Aos 40 anos e depois de quase um ano dedicada totalmente ao sonho de ser mãe, Ágatha está motivada e pretende conquistar a vaga olímpica para Paris 2024. Ao lado da atleta está o marido e personal trainer, Renan Rippel que é parceiro não só na criação da filha, como também na carreira esportiva “Nesse processo de volta a alta performance, a gente tem um grande sonho que é ter a Kahena do nosso ladinho”, comenta. 

Ainda sobre ter a filha ao lado, a atleta conta que pretende incluí-la ao máximo na sua carreira esportiva “Eu to trazendo a Kahena pro meu mundo, então ela vai aos treinos comigo, me acompanha, na minha primeira viagem, na primeira competição (depois da gravidez) ela viajou junto, então minha ideia é sempre estar carregando a Kahena comigo, porque eu quero e tô focada nisso, que ela seja presente na minha vida e eu na dela.”

SOBRE O GERAÇÃO OLÍMPICA E PARALÍMPICA – Em 2021 o Geração Olímpica e Paralímpica celebrou sua 10ª edição, sendo o maior programa de bolsa-atleta entre todos os estados do país – conforme pesquisa realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e divulgada na Revista Latino-Americana de Estudos Socioculturais do Esporte. O programa já investiu cerca de 50 milhões, em 12 edições, com o patrocínio exclusivo da Copel, para atletas e técnicos vinculados a instituições paranaenses (federações e escolas), atendendo desde jovens promessas a estrelas de renome internacional. No edital de 2023 são mais de 1.200 atletas e técnicos contemplados com a bolsa