Fotos: Elismar Fotografias Esportivas/Arquivo Pessoal Aline
Hoje nosso quadro Resenha com as Minas traz um pouco da trajetória da atleta de futsal Aline Martins, que além de ser craque nas quadras demonstra entendimento muito bem de futsal e futebol fora delas, uma entrevista especial que nossos leitores começam a acompanhar a partir de agora no Resenha CM.
Natural de Roncador, Aline sempre gostou de futebol e acompanhou a modalidade, principalmente após o título brasileiro do time do coração e da Seleção Brasileira em 2002. “Eu sempre tive contato com futebol desde pequena, estava sempre batendo bola nas paredes em casa, jogando na rua, na escola, depois treinando, mas com oito anos foi quando tive consciência da grandeza do esporte, torcedora do Santos que foi campeão brasileiro em cima do Corinthians aquele ano e também acompanhando a seleção brasileira que era monstruosa, me apaixonei pelo futebol e como emocionava as pessoas”.
Esportista, o pai sempre foi o maior incentivador da filha. “Meu pai, quando eu era criança ele atuava como goleiro, pelo time da ARCAM principalmente, mas também por outros times, outros campeonatos, e nos treinos eu sempre estava acompanhando ele, e jogando/brincando com o filho de outros jogadores do lado de fora. Meu pai é santista, comprava uniforme do Santos, chuteira, meião, tudo e aos 9 anos ele me levou treinar em um time do Colégio da cidade”.
Na oportunidade Aline fala da importância do futebol pra ela. “É quase uma religião, eu amo futebol, eu jogo, eu torço, eu assisto. Eu amo tudo que envolve, não só o jogo mas essa emoção que traz, a emoção de torcer e de jogar, de participar de alguma forma, mesmo que seja treinando antes de um campeonato, se preparando para uma decisão, fico mentalizando tudo antes ansiosa por vivenciar. Eu sou viciada em toda essa emoção do futebol. Quando torço, busco absorver, e quando jogo busco viver e compartilhar o máximo pra quem está assistindo e jogando comigo”.
Aline fala do início na modalidade e as principais dificuldades e desafios. “Comecei a treinar aos 9 anos, e o primeiro campeonato oficial foi aos 11 representando Roncador nos jogos escolares regionais, em estaduais, e aos 15 anos atuei em meu primeiro paranaense por Campo Mourão, e brasileiro, olimpíadas escolares, Taça Brasil pelo Coritiba. No início teve preconceito, também quando eu consegui treinar, não tinha instrução do que além disso eu tinha que fazer, acho que a dificuldade foi trilhar sozinha meu caminho, sem ter ninguém pra me aconselhar sobre, muitas vezes a gente se sente muito sozinha nesse meio, e tem que se moldar pra tentar desempenhar o melhor, falta um apoio alguém que acredite além da gente. Isso inclui, amizade, apoio, investimento, e uma instrução para tomar escolhas melhores”.
A habilidade veio por conta do camisa 7 , ex atleta do Santos em 2002. Ela cita as competições e títulos que conquistou. “Joguei os Jogos escolares, da juventude e Abertos do Paraná, desde as regionais até a fase final. Paranaense sub, 15, 17, 20. Paranaense chave Prata. Jogos abertos de São Paulo, Liga paulista adulta. Jogos Universitários de São Paulo. Olimpíadas brasileira Escolares. Jogos universitários brasileiro. Taça Brasil sub 15, Taça brasil sub 20. E os títulos foram Jogos escolares paranaense fase final – 2009,2010,2011, Juventude fase final – 2009, Paranaense sub 20 – 2010, Olimpíadas Escolares – 2010, 2º lugar Taça Brasil – 2010.
Dentre tantos gols na carreira Aline escolhe os especiais. “O mais bonito foi um gol de cobertura que fiz por Umuarama no Paranaense contra Paranavaí se não me engano, a Casarotti tocou pra mim na paralela eu cheguei de encontro com a bola e toquei de primeira cruzado de cobertura, eu também não lembro todos, são muitos (risos), mas gosto desse. E o mais importante foi o gol da Final dos Escolares 2009 contra Pato Branco”.
Durante a resenha ela cita os melhores treinadores e companheiras de equipe já teve. ‘O Ferrugem me ensinou todo tático do futsal, eu aprendi muito, e o Clodoaldo (de SP) me ensinou mais como crescer individualmente. O time que mais gostei de jogar foi de Campo Mourão 2009, 2010, 2011, tanto que a gente ainda joga, e pra mim é diferenciado, não tem jeito”.
Por influência do pai, Aline é santista desde pequena e já assume que o time do coração não pode perder para o Corinthians. ‘Meu pai é santista sempre assistia, mas acompanhando o time de 2002 (campeão brasileiro) eu me apaixonei de vez e desde lá, infelizmente (risos) assisto até hoje”.
E por falar em time do coração ela cita alegria e triste com o alvinegro praiano. “A Libertadores 2011, foi emblemático com aquele time do santos, todo mundo sabe. E o rebaixamento, chorei muito, eu não conseguia nem pensar que já vinha uma tristeza profunda”.
Nossa craque da bola ainda alegrias e tristezas no futebol. “Como jogadora, eu gosto de levar emoção pra quem me assiste, de tornar atrativo, de participar de um time, de ver todo aquele processo com o grupo, a parceria, e claro eu amo fazer gol, aquela explosão e pra completar ser campeã, é um momento satisfatório que você sente que todo seu esforço valeu a pena, e tudo isso junto é a maior alegria. Como torcedora, ver a seleção voltar a ganhar, o Santos no brasileiro, ver grandes atuações de grandes jogadores como Ronaldinho, Ronaldo, Neymar, Cr7 e Messi, e agora o Yamal, é uma alegria. E a tristeza Como jogadora, a maior tristeza é não poder jogar, por qualquer motivo, mas o de se lesionar é o pior. Como torcedora, ver nosso futebol brasileiro se tornar apático, é sofrido de ver”.
Ronaldinho escolhido o melhor jogador que viu jogar e o Guardiola o melhor técnico. E por falar de futebol ela faz uma avaliação do futebol brasileiro. “Vem nivelando qualidade dos times, após a fase de soberania do flamengo e depois do palmeiras, claramente times que investiram mais, logo depois atlético mineiro e são Paulo seguiram o exemplo, e agora cada vez mais times, fica pra trás quem não tem dinheiro. (Santistas e Corinthianos chorando). Mas em questão de entretenimento, o torcedor brasileiro perdeu a identidade com futebol, que é reflexo da seleção, eu acho, e vem mendigando um craque aí que tá faltando faz tempo pra dar um pouco de brilho pro brasileirão”.
A Seleção Brasileira também não foi poupada de críticas por Aline. “Tá triste né, o pior é não ver um sinal de melhora, aparentemente a tendência é só piorar. É uma péssima gestão da diretoria, um técnico que não consegue se impor sobre os jogadores, jogadores sem vontade de nos representar, e uma torcida que também não colabora, monitorando a vida dos jogadores gerando críticas desnecessárias nas redes sociais. Jogar, quando não tinha tecnologia, era só jogar, agora tem que dar exemplo em outras questões. Falta preparo psicológico para lidar com tudo isso nos atletas de futebol. O Dorival é um ótimo técnico, mas não acho que ele tenha o perfil necessário para comandar a seleção, e o esquema tático que tenta impor é incompatível com a ‘’personalidade’’ da seleção brasileira. E a seleção, está com estrutura abalada desde sua diretoria, acredito que esse momento desagradável que estamos passando seja um mal necessário, que represente a necessidade de mudança, para o melhor, porque muda muda muda e só está piorando, mas é consequência da desorganização no geral, mas por enquanto estamos só na esperança dessa mudança, não há sinais.
No final da resenha, Aline faz um balanço sobre o futebol feminino e o que deve ser feito para valorizar ainda mais a modalidade. “Não está na sua melhor fase, mas é visível que algum trabalho está sendo iniciado, iniciado com a possível despedida da Marta, que é uma grande perda mas é maior motivação para quem tá ali. Que agora que o futebol feminino está começando a ser valorizado graças a jogadoras como a Marta que sem apoio algum conseguiu chegar onde chegou. Então acho que é um momento de erguer a cabeça, focar no objetivo e trabalhar muito. Porém ainda precisa de investimento. Mas já é realidade que o futebol feminino brasileiro futuramente tá vindo forte. Começar com o mínimo né, centros de treinamentos para que cada vez jogadoras mais novas já estejam inseridas nesse meio, aprendendo, sendo monitorada, conduzida a evolução, quanto mais cedo melhor. Que as prefeituras se organizem para manter esses projetos sempre em efetividade. Depois, que sejam promovidos campeonatos para que essas meninas atuem e troquem experiências, aprendam a visualizar algo melhor, jogando contra um time melhor, ou alguém que se espelha, e para ter sucesso é necessário a colaboração conjunta da comunidade e do governo para manter esses projetos em andamento. Hoje em dia é necessário mídia, então uma maior divulgação do futebol feminino é uma das melhores colaborações, com isso vem o necessário, que são as verbas.
Aline escolhe os melhores jogadores que viu jogar e os que atuaram com ela no futsal.
Goleiro – Neuer
Lateral Direito – Cafu
Lateral Esquerdo – Roberto Carlos
Zagueiro Direito – Van Dijk
Zagueiro Esquerdo – Ronald Araújo
Volante – Iniesta
Volante – Pirlo
Meia direita – Kevin de Bruyne
Meia esquerda – Zidane
Atacante – Ronaldo
Atacante – Neymar
Técnico: Guardiola
Goleira: Regiane
Fixo: Ellen Castro
Ala Direita: Jéssica Will
Ala Esquerda: Jéssiquinha 12
Pivô: Kalê
Técnico: Ferrugem