Rosangela Koch, referência e reveladora de talentos do voleibol feminino mourãoense

Referência no esporte de Campo Mourão, em especial no voleibol a treinadora e professora Rosângela Maria Pombo Koch é a nossa convidada no quadro Fera do Esporte Mourãoense. Durante a resenha ela conta sobre sua história a partir de agora no Resenha CM. 

Nascida em Jaguapitã, Rosangela chegou na região de Campo Mourão com a família em 1967. “Minha família chegou na região de Campo Mourão em junho de 1967, fomos morar no sitio Santo Antônio, entre os rios Laranjeiras e Formoso, próximo às Thermas de Jurema, na época Água Quente. Em 1970 vim para Campo Mourão, morar com os meus avós paternos (João e Gonçalina) para estudar” 

O basquete foi a primeira paixão esportiva de Rosangela. “A minha primeira paixão foi o esporte independente da modalidade e entre todos escolhi o basquetebol para treinamento na minha adolescência, e as outras modalidades faziam parte do meu lazer. O voleibol surgiu como uma opção/alternativa para continuar no esporte, já que uma lesão me impossibilitou continuar nos treinamentos de Basquete. 

E o primeiro contato com o esporte foi no Ginasio Jk, o maior incentivador foi o professor de Educação Física  Josué de Souza, e a grande inspiração vinha de Hortência Marcari. “Comecei a treinar na sexta série, no Ginasinho JK, representei o município como atleta nas modalidades de basquetebol e voleibol nos Jogos Abertos do Paraná. Já nos Jogos Estudantis, as modalidades que disputei foram o tênis de mesa e o basquetebol, também competi por algumas empresas mourãoenses, onde joguei de tudo um pouco, sendo que as principais foram a JOPER e a COAMO, mas a modalidade preferida já era o voleibol. Títulos como jogadora apenas em âmbito regional, e o maior sonho como basqueteira na época, era vencer a equipe de Peabiru”. 

Durante a carreira foram superados alguns empecilhos, Rosangela fala das dificuldades que enfrentou e superou. “Como atleta a minha grande pequena estatura e como técnica de voleibol foi a falta de uma comissão técnica para dividir e somar. 

O amor pelo esporte e um conselho de um padre foi fundamental para a escolha do curso de Educação Física na Faculdade. “Posso dizer que o esporte foi decisivo para minha escolha profissional, mas, Educação Física não era a minha primeira opção, porque tinha medo de ser professora, no entanto, como tive dificuldade em escolher uma carreira na adolescência, contei com a ajuda de um anjo, o Padre Carlos da paroquia que frequentava, me mostrou que o amor que eu tinha pelo esporte poderia facilitar minha carreira profissional”. 

A professora Rosangela tem uma série de especializações que contribuíram para o seu desenvolvimento profissional e também para a o esporte na cidade. “Foram muitos anos de estrada e estudos, mas como o assunto é voleibol, elencarei as que tive mais dificuldades para obter, porque muitos fatores foram influenciadores, tais como financeiros, distancias e família, mas o importante é que não desisti de buscar sempre o melhor para o voleibol Mourãoense e são elas: pós graduação em treinamento desportivo, pós graduação em voleibol, pós graduação em gestão e supervisão, curso de treinadores nível III de voleibol pela CBV, curso de arbitragem pela federação paranaense de voleibol.”. 

O início como técnica foi ainda quando era universitária. “Primeiro jogo a professora lembra como foi? Comecei na época da faculdade em 1982, treinando uma equipe da minha cidade natal Jaguapitã e o nosso primeiro evento foi os Jogos das Casas Pernambucanas em Maringá. 

Professora Rosangela buscava sempre o trabalho com as jovens pratas da casa da cidade. Durante a resenha ela fala deste trabalho e das conquistas. “A principal e maior vitória que tive como técnica, sempre foi trabalhar com praticamente pratas da casa, e logicamente paguei o preço por isso, só que não me arrependo, pois acreditei no que Campo Mourão tinha de melhor, não posso dizer que o voleibol feminino não buscava títulos, pois todos os treinos e as corridas pelas ruas da cidade (aqui eu peço perdão a vocês meninas) visava sempre a superação e o melhor. Acredito que títulos só em campeonatos paranaense e copas, já as melhores classificações aconteceram nos Jogos da Juventude do Paraná Categoria A – vice campeão e Jogos Abertos do Paraná Categoria A – terceiro lugar, e Jogos Escolares do Paraná Categoria A – vice campeão”. 

A professora também revela sobre o sentimento de revelar muitas atletas que foram destaques no esporte e hoje são graduadas em diversas áreas. Quando uma atleta se destacava, a minha maior alegria era poder acompanhar essa evolução de perto. E hoje o que me deixa muito feliz, mesmo que o encontro seja pelas redes sociais, é perceber que as meninas do voleibol se tornaram grandes mulheres e que muitas ainda tem a atividade física no seu dia a dia, respiro, e digo, vocês fizeram parte da minha vida, gratidão”. 

Além de revelar grandes atletas para a cidade, a professora criou e coordenou um projeto “Vôlei Criança” que levou a modalidade para bairros da cidade de Campo Mourão “O projeto surgiu como uma necessidade e um desejo de descentralizar e incentivar a modalidade para os bairros de Campo Mourão, e era realizado no contraturno escolar, sendo que o nome foi sugerido por um grande amigo, professor e técnico Ricardo Echelmeier de Toledo. Um projeto que tinha uma sinergia diferente e o crescimento e a solicitação dos núcleos sempre me deixava em uma saia justa, pois faltavam monitores para atender a demanda. Ainda tenho saudades de ver circulando as camisetas do projeto pela nossa cidade. A pessoa mais indicada para responder sobre este projeto seria uma criança que fez parte, pois só elas poderiam definir a grandeza e o impacto que o projeto vôlei criança teve nas suas vidas”. 

Professora fala da experiencia de ensinar voleibol para as crianças. “Apesar do voleibol não ser um esporte muito fácil para as crianças, pelas suas peculiaridades, posso dizer que a magia que a criança te devolve por meio do olhar, quando aprende um fundamento, não tenho condição de expressar por meio de uma palavra, é uma conexão para a vida toda”. 

Na oportunidade ela fala sobre maior alegria e a decepção durante a carreira no voleibol. “Alegria quando recebi o convite para fazer um estágio com a seleção brasileira infantil, por um trabalho que desenvolvia com as atletas mourãoenses, sobre leitura. Decepção não é bem a palavra, mas quando tive que parar os treinamentos por problemas de saúde. Fiquei muito tempo sem passar na frente do ginásio da vila urupês, porque era passar e chorar” 

Um jogo inesquecível que ficou marcado para Rosangela foi contra Toledo nos Jogos da Juventunde. “Foi na cidade de Maringá, o ano era 2004, esse jogo teve uma particularidade, pois, naquele ano, havíamos perdido todos os jogos e amistosos que fizemos com Toledo. A nossa equipe trabalhou muito, as atletas mentalizaram cada situação do jogo, pois todas tinham em mente vencer a qualquer custo e as Mourãoenses fizeram com méritos o dever de casa, como diz a galera, foi um jogaço”. 

Também em um Jogos da Juventude, no ano de 1994, Rosangela cita o ponto inesquecível na carreira. “Gostaria de compartilhar o último ponto de Campo Mourão x Cambé, o cenário era os Jogos da Juventude em Campo Mourão, ginásio Vila Urupês, o ano 1994, ginásio lotado e  estávamos perdendo, e a vitória era praticamente impossível, lembro que as pessoas que estavam acompanhando pelo rádio, disseram que até desligaram e depois não entenderam como nós tínhamos revertido o placar. E o que tinha de diferente?   Estávamos atrás no placar como já disse, e uma das nossas melhores jogadoras foi para o saque, detalhe,  este era o fundamento que a nossa central tinha maior insegurança e lógico que a equipe toda ficou em silencio e o público percebeu que todas estavam silenciosamente rezando e parecia que o ginásio não respirava, e o que achávamos impossível  naquele momento, acabou acontecendo, a central respirou  e com o seu saque, disse com todas as letras, esse palco é nosso, e o último ponto não tem como esquecer, porque o ginásio simplesmente incendiou”. 

Mesmo não estando a frente do voleibol mourãoense, Rosangela fala que não esquece e continua na torcida. “Me distanciei do Voleibol Mourãoense , por uma questão de conveniência, era muito dolorido não estar lá, porém, mesmo  distante, nunca deixei de torcer pelo voleibol feminino da nossa cidade, apenas me afastei do cenário Mouraõense, Paranaense e Brasileiro, só que esquecer do voleibol a gente não esquece como tudo na vida, apenas  precisamos superar para seguir a vida em frente”. 

Grande referencia no Voleibol de Campo Mourão Rosangela como é ser uma das grandes reveladoras de atletas e conquistas para a cidade. “Quanto a ser uma referência, nunca tinha parado para pensar, porque acredito que sozinhos não somos nada, por isso, a maior referência são todos aqueles que buscaram o melhor para o voleibol de Campo Mourão e  ainda continuam buscando. A sensação que tenho é que o voleibol feminino mourãoense  deu muitas alegrias para o Paraná, para o Município, para as Escolas, para os Pais/Família,  para mim como técnica nem se fale e principalmente para todas as atletas que vestiram a camisa do voleibol feminino literalmente,  sempre  jogando com muita garra/alegria independente do palco. 

No final da resenha a professora Rosangela fala sobre a importância do voleibol e os principais ensinamentos trouxe para ela. “Hoje posso dizer que o voleibol foi por um longo período a minha vida e a minha grande paixão, e acredito que de muitos Mourãoenses também,  sou eternamente grata por este presente, pois tive tantas glórias, várias  dificuldades e todas as situações que vivi, contribuíram na minha formação profissional e para ser uma pessoa bem melhor.As experiências foram muitas e a bagagem é grande, porém, o maior ensinamento que levo do esporte é que,   um atleta, antes e acima de tudo, é um ser humano e que  o esporte deve contribuir para torná-lo uma pessoa melhor.

Fotos: Arquivo Pessoal Rosangela