Marcelo Alfredo Descobridor de Talentos da natação mourãoense

Hoje o nosso quadro Fera do Esporte Mourãoense do Resenha CM será com o grande descobridor de talentos da natação mourãoense Marcelo Alfredo. Diversas crianças e adolescentes iniciaram as primeiras braçadas na piscina do estádio Roberto Brzezinski até as conquistas de medalhas em diversas competições estaduais e nacionais com o técnico Marcelo. Vamos mergulhar juntos nesta resenha que promete.  

Natural de Paranavaí, Marcelo mudou-se aos seis anos para Maringá. E já iniciou na natação no Centro Esportivo do Jardim Alvorada “E já com nove anos comecei a participar de pequenas competições intermunicipais e a partir dos 10 anos já comecei a disputar competições regionais e estaduais”.  

 Marcelo cita os três grandes ídolos que tem na vida “Elias Alfredo, quem me ensinou ser o homem que sou. No esporte em geral, Airton Senna. Na natação, Cesar Cielo e na natação Paralímpica, Daniel Dias.  

  Com o apoio sempre dos pais e com outros dois irmãos que também nadavam a paixão pela natação foi inevitável. “Em casa somos em três irmãos, tenho um irmão e uma irmã e todos éramos atletas de natação, passávamos o dia todo no centro esportivo treinando.  E uma boa parte dos fins de semanas passávamos em competições, a natação que me ensinou muitos valores que carrego na vida. Foi a modalidade e mais tarde a capoeira que me fizeram escolher faculdade de Educação Física e me tornar o profissional que sou”.  

Falando em capoeira, era possível ver Marcelo em rodas de capoeira quando tinha pouco mais de 20 anos. “Um esporte que adoro, mas infelizmente tive que dar um tempo, porque em 1998 tive que fazer algumas cirurgias no joelho por causa de um menisco lesionado, mas é um esporte que me faz bem e estou pensando em voltar a praticar logo”.  

  Em 2001 Marcelo se formou em Educação Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Dois anos depois mudou-se para Campo Mourão onde começou uma história vitoriosa e descobrindo talentos da natação mourãoense. “Cheguei em Campo Mourão em março de 2003, onde conheci a Márcia Tomadon na época era Diretora de Esportes do município e no mesmo mês comecei a trabalhar na FECAM como técnico de natação. Saí em 2004 retornei em 2007, em 2011 criei o projeto N.A.C que atende anualmente aproximadamente 400 crianças da rede municipal de ensino. Deixei de ser técnico em 2016, já em 2019 montei o projeto ‘S”, natação competitiva para crianças com deficiências físicas e visual. Projeto esse que ainda em 2019 revelou o kaue um grande campeão e recordista brasileiro das paralimpíadas escolares”.  

E a importância da natação? Marcelo explica sobre a modalidade. “Ela colabora muito com a saúde assim como qualquer outro esporte, onde ajuda uma criança aprender o valor, do ganhar, do perder, as amizades que fazemos quando passamos muitos dias juntos treinando, e uma grande parte dos fins de semanas viajando em competições, essa amizade construída nas bordas de piscina, nas arquibancadas das competições, são amigos para vida toda. Costumo dizer para meus atletas se eu não consegui fazer de você um bom atleta, tenha certeza que ajudei a formar um ótimo cidadão”.  

 Marcelo fala sobre a importância do técnico de natação, suas dificuldades, desafios e também alegria. “É uma profissão gratificante que exige muito trabalho e dedicação ainda mais sendo técnico  de uma modalidade amadora onde o recurso financeiro é muito limitado e a vontade de participar de várias competições era enorme. Mas para que isso acontecesse tínhamos que ser aventureiros também, e nossas aventuras eram inúmeras que iam  desde viajar em nove pessoas em uma Kombi carregando as malas, mochilas de competições, roupas de cama e colchões, dormindo em chão ginásios de esportes, eu junto com os atletas cozinhávamos nosso almoço e jantar, nas competições, dormir em alojamento do Tiro de Guerra onde acordávamos as 4h30min com a alvorada dos atiradores ”.  

 E uma dessas aventuras acontecia em Curitiba, na casa da Tia Ovidia que por diversas vezes recebia os atletas com muito carinho no período de competições. “O dinheiro era limitado e nós queríamos participar do máximo possível de competições que o dinheiro nos permitisse e para isso tínhamos que nos aproveitar da bondade de algumas pessoas e uma delas era minha tia querida Ovidia que mora em Curitiba onde acontece as melhores competições. E se nós fossemos ficar em hotel e jantar em restaurante o dinheiro não seria suficiente então tínhamos que viajar de Kombi lotada de atletas, malas e colchões e contar com bondade da minha tia que gentilmente nos abrigava por 3 ou 4 dias”  

Primeira Equipe de Natação

Marcelo cita a aventura que era durante os dias na casa da tia. Quando chegávamos em Curitiba passávamos no Supermercado fazíamos uma compra enorme, por que durante esses dias eu e a molecada além de passar o dia todo na competição quando chegava à noite íamos para casa da tia e chegando lá   tínhamos que fazer a nossa janta onde o cardápio era sempre muito bom, tinha o dia da lasanha, da panqueca, da pizza e no último dia quando já tinha acabado a competição era o dia do pastel. Mas o pior de tudo isso era no final das refeições ainda ter que lavar a louça e arrumar a bagunça, pois não podíamos deixar isso tudo pra minha tia fazer uma vez que é uma senhora de 75 anos. Mas a molecada adorava isso tudo e minha tinha amava, pois eram quatro dias que ela não precisava limpar a casa, fazer janta e lavar a louça e ainda comia muito bem, ela dizia que eram os dias de rainha dela”  

 Não basta ser técnico Marcelo conta que sempre desempenhou outras funções com os atletas. “Além de desempenhar o papel de técnico, muitas vezes também atuei como pai, psicólogo entre tantas outras tantas funções. Inúmeras vezes eu viajava, enchia um ônibus com mais de 40 atletas pra ficar de dois a quatro dias participando de campeonatos. Era extremamente estressante e cansativo, mas valia muito a pena quando via a felicidade no rosto de uma criança de ter conquistado a sua primeira medalha, outro atleta que quebrou o Record da competição. Um que conseguiu o índice e a convocação para disputar um campeonato brasileiro, ou quando via a tristeza e a decepção da criança não ter rendido o que era pra ter rendido ou da desclassificação do atleta na prova, de não conseguir a sua tão sonhada medalha. Eu tinha que explicar que isso tudo é o esporte, alegrias, tristeza, decepção, conquistas coisas que só o esporte é capaz de proporcionar, de onde você cria valores que faz essas crianças se tornarem adultos fortes e preparados pra batalha da vida”  

 Dentre todos esses atletas que já treinaram com Marcelo, muitos foram destaques em competições estaduais e nacionais, convocações para seleções paranaenses e recordistas brasileiros. São eles: João Paulo Pedroso, Rafaela Daleffe, Pamela Aires, Matheus Urbano, Eduarda Daleffe, Yuri Monteiro, Henrique Pedroso, Tharcys Batista (paratleta) campeão brasileiro, Kaue Silva (paratleta) 3x campeão e recordista brasileiro.  

O atleta Henrique Pedroso fala da importância de Marcelo em sua vida “Muitas histórias, muitos anos dividindo raia com esse monstro, que além parceiro de treino é meu primo e hoje se tornou meu aluno. Essa imagem representa toda nossa trajetória no esporte. Foram diversas medalhas, provas, viagem, revezamentos e encrenca juntos. Vários pré infarto por raiva, nervoso e felicidade do nosso eterno mortadela”. 

Henrique e Marcelo

 Muitas conquistas foram marcadas pela natação mourãoense como Marcelo de técnico. Ele cita as mais importantes. Entre 2008 e 2016 estar entre as 3 melhores equipes escolares de natação do estado; 2008 e 2009 ser a equipe campeã estadual de aspirantes; em 2011 o atleta que ganhou a prova mais rápida do JOJUp’s de Campo Mourão foi um mourãoense; colocação de atletas nas seleções paranaenses para disputar campeonatos brasileiros escolares e por seleção; atletas medalhistas em jogos da juventude, jogos abertos; atletas medalhistas no campeonato Mercosul; atletas recordistas em vários campeonatos estaduais. E por último ter um paratleta campeão recordista brasileiro escolares em três provas.  

E como a natação paralímpica apareceu na vida de Marcelo. Foi com a chegada de uma das grandes revelações da natação mourãoense Tharcys Gustavo. “Começou por acaso, nunca tinha pensado em trabalhar com paratletas até que em 2013 em um projeto que eu desenvolvo com crianças da rede municipal de ensino apareceu o Tharcys (atleta com parte de uma das pernas amputada) e me surpreendeu a facilidade que ele aprendeu nadar e isso me chamou muito a atenção. E já no mesmo ano fiz a inscrição dele para as paraolimpíadas escolares estadual onde ele venceu todas as provas. Em seguida foi convocado para a Seleção Paranaense para disputar o brasileiro escolares paralímpico, onde ele ficou em terceiro em uma prova e foi o campeão em outra. Com isso pintou a vontade de formar uma equipe paralímpica, mas com a falta de tempo não consegui montar um projeto para atender crianças com deficiência. Em 2017 quando deixei de ser técnico de natação comecei a rascunhar um projeto de paranatação”    

Marcelo e Tharcys

  O atleta Tharcy Gustavo ressaltou a importância de Marcelo. “Marcelo foi quem reconheceu e abriu portas para a minha vida no esporte. Me ensinou tantas coisas na vida quanto no meio esportivo, e sou muito grato por tudo que ele fez. Hoje não é só um ex técnico, ele é um amigo para mim”. 

 O Projeto S é um grande sucesso no Estado e no Brasil. “Iniciado em 2019 já com nove atletas onde no mesmo ano fomos campeão dos jogos escolares do Paraná, tivemos o melhor índice técnico de toda competição e também tivemos o atleta mais rápido do campeonato e com isso a convocação do Kaue para disputar o campeonato brasileiro escolares paraolímpico onde ele foi campeão e recordista nas três provas que disputou.  

Projeto S

Marcelo fala da aprovação dos pais e do Municipio. “O projeto conta com um apoio dos pais dos atletas e da FECAM por meio de nosso secretário de esportes Marcelo Lima que de imediato apostou e deu todo suporte necessário para que  se tornasse realidade. Quero aproveitar a oportunidade e deixar um convite para as crianças de 10 a 17 anos com deficiência física e visual que queira aprender um esporte competitivo pra que me procure na piscina publica a partir do dia 10 de fevereiro ou que entre em contato comigo pelo celular 984258893 .  

 Marcelo termina nossa resenha falando do maior sonho. “É conseguir bons  patrocinadores pra poder investir na equipe de natação paralímpica e   conseguir um número   muito, muito maior de  crianças com deficiência física e visual  pra que  possamos disputar  campeonatos brasileiros de clubes e ficar entre as melhores equipes do país.